segunda-feira, 29 de agosto de 2011

29 de Agosto - Poesia!

Por: Ana Paiva

Oiee
Hoje tínhamos que declamar uma poesia para alguém então não tive dúvida, liguei pra Bartira e declamei pra ela a poesia do melhor amigo:

"Pode um dia nos deixarmos de falar, mas enquanto houver amizade faremos as pazes de novo.
 Pode um dia o tempo passar, mas se a amizade permanecer um do outro há de se lembrar.
Pode um dia nos afastarmos, mas se formos amigos de verdade a amizade nos reaproximará.
Pode um dia não mais existirmos, mas se ainda sobrar amizade nasceremos de novo um para o outro.
Pode um dia tudo acabar.
Mas com a amizade construiremos tudo novamente, cada vez de forma diferente, sendo único e inesquecível cada momento que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre" 


Autor desconhecido.


Amiga, espero que realmente tenha gostado!
Beijos


Por: Bartira Moreira

Foi um presente ouvir a Ana recitar uma poesia pra mim... Amiga gostei muito, mesmo, de verdade, não imaginei que me escolheria!

Bom, eu sempre amei o "Soneto da Fidelidade" e por isso o escolhi e recitei pro Filipe, que a princípio fez cara de ué, mas depois deu um sorrisinho de bolacha traquinas...



Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes

Um comentário:

  1. Como estudante de Letras amei este post! hahahaha
    Gosto principalmente dos poemas de Carlos Drummond de Andrade e escolhi este, do livro "A rosa do povo" que mesmo tendo o tom pessimista típico dos poemas dele, é belíssimo e declamo a todos que muitas vezes se sentem sozinhos diante da sociedade, pois se recusam a seguir certos padrões que nos são impostos. Hoje em dia as pessoas não costumam dar valor à vida, e o simples nascimento de uma flor no meio de uma rua pode ser algo fantástico. Uma poesia para refletir!

    A flor e a náusea

    Preso à minha classe e a algumas roupas,
    Vou de branco pela rua cinzenta.
    Melancolias, mercadorias espreitam-me.
    Devo seguir até o enjôo?
    Posso, sem armas, revoltar-me'?

    Olhos sujos no relógio da torre:
    Não, o tempo não chegou de completa justiça.
    O tempo é ainda de fezes, maus poemas,
    alucinações e espera.
    O tempo pobre, o poeta pobre
    fundem-se no mesmo impasse.

    Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

    Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
    O sol consola os doentes e não os renova.
    As coisas. Que tristes são as coisas,
    consideradas sem ênfase.

    Vomitar esse tédio sobre a cidade.
    Quarenta anos e nenhum problema
    resolvido, sequer colocado.
    Nenhuma carta escrita nem recebida.
    Todos os homens voltam para casa.
    Estão menos livres mas levam jornais
    e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

    Crimes da terra, como perdoá-los?
    Tomei parte em muitos, outros escondi.
    Alguns achei belos, foram publicados.
    Crimes suaves, que ajudam a viver.
    Ração diária de erro, distribuída em casa.
    Os ferozes padeiros do mal.
    Os ferozes leiteiros do mal.

    Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
    Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
    Porém meu ódio é o melhor de mim.
    Com ele me salvo
    e dou a poucos uma esperança mínima.

    Uma flor nasceu na rua!
    Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
    Uma flor ainda desbotada
    ilude a polícia, rompe o asfalto.
    Façam completo silêncio,
    paralisem os negócios,
    garanto que uma flor nasceu.

    Sua cor não se percebe.
    Suas pétalas não se abrem.
    Seu nome não está nos livros.
    É feia. Mas é realmente uma flor.

    Sento-me no chão da capital do país às cinco horasda tarde
    e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
    Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
    Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
    É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

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